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quarta-feira, 24 de abril de 2013

No vazio da alma(4)





Sem noção de tempo, olho os papeis amassados na mesa e percebo que a inspiração desapareceu do meu intimo. Sinto-me só, desacompanhada de emoção seja ela qual for.
O dia vai amanhecendo cinzento la fora e aqui dentro morre mais um poema em uma folha embolada jogada ao chão.
Não consigo... Tudo me parece tão enfadonho, tão sem cor, tão inerte, que até a brisa não sopra entra as folhas das arvores que vejo da minha janela.
E nesse mundo tão inóspito e sem graça tento imaginar uma maneira de salvar meus próximos dias.
Sinto-me em desvantagem já que sai da cidade em que nasci, depois de quase quatro décadas, moro num condomínio de uma classe media não tanto abastada, mas muito reservada, casada com um cidadão que vive envolvido em livros, equações, computação e viagens a serviço.
Em meus pensamentos, procuro rever conceitos ou momentos passados tentando sorver algum tipo de sentimento por eles deixado.
 Mas nada consegue retirar essa inércia causada pela solidão que me acalanta a alma.
Como uma prisioneira do meu próprio isolamento, arrasto correntes andando no vazio desse apartamento , em plena madrugada esperando o sono ou um alento que eu sei que não vira . Acendo um cigarro e tomo um cafezinho para tentar acordar minhas idéias. 
Então, uma triste certeza começa a me abater, é saber que meus confinantes dias que virão não serão tão diferentes do de hoje, isso  causa-me calafrios, como se pressentisse que minha vida iria esvai-se pelo ralo do banheiro, e eu acorrentada em minhas decisões deixaria ela passar sem nada poder fazer.
Procuro então, com meu parco vocabulário escrever o que vem a mente e ver se consigo dar sentido ao que rabisco em um papel.
Como um rouco desabafo da minha vida que grita
Nesse quarto branco onde o silencio sepulcral habita
Tento em vão escrever umas precárias e idiotas linhas
Sobre minha alma que no momento encontra-se vazia,
Sem sentimentos sejam eles de aflições ou de alegrias.
Vejo minha inspiração agonizando diante de meus olhos aflita
Um descontrole que não deixo ser percebido por quem acredita
Em tudo aquilo que escrevo e repasso suavemente, ao meu papel com tinta.

Um comentário:

  1. Quem nunca se sentiu assim um dia? Ora seja por solidão, ou qualquer outro sentimento escuro, que teima pairar sobre o peito. Inevitavelmente, não permite que o bom senso reaja. Felizmente se pode contar com o dia seguinte. Pois o mesmo sempre traz novas e boas esperanças.
    Excelente texto desabo.
    Bjsss

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