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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Retratos do passsado(5)

Em meu quarto cheio de retrato,
Tem o meu passado revelado,
Em fotos grandes ou 3x4
Como um filme sem itinerário

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Se eu soubesse...(6)


Ah como eu queria, poder controlar o tempo com minhas mãos
Cada instante que eu deixei passar sem saber o que fazia
Pensando que teria para sempre o amanhã
Ah eu não sabia...
Que cada  sonho não realizado, cada remorso do que fiz de errado
Cada momento importante que foi adiado
Pensando que teria sempre um novo dia

Ah eu não sabia...
Que se eu tivesse feito muito mais por minha vida
Eu não estaria chegando ao fim da linha
Com a sensação de que não a usufrui como devia

Ah eu não sabia...
E  agora, depois de muito tempo passado
Percebo o quanto ele foi desperdiçado,
E com minhas esperanças perdidas, hoje sofro calado
Sinto que meu espírito reluta cansado,
No espelho vejo meu rosto enrugado,
Já não tenho mais os meus belos traços. 

Ah meu Deus eu não sabia!
Que todos aqueles instantes vividos em vão,
Sem um objetivo ou sequer motivo, sem rumo ou direção
Foram momentos preciosos da vida que eu perdia...
Momentos que nunca mais voltarão,
Escoaram pelo vão da vida
E eu deixei passar, porque eu não sabia...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Rastilho de polvora(7)




E lá estava Magg, dentro do ônibus depois de mais uma manhã no seu trabalho. Era telefonista de uma grande empresa, e seu uniforme, tipo executivo, dava-lhe a elegância necessária. Carismática e falante possuidora de uma beleza normal. Com esses atributos, conseguia ganhar a simpatia de muita  gente.
                 Nesse dia, ela percebeu que, sua diarista estava à espera na parada de ônibus em que descia. Ficou logo preocupada, pensando haver acontecido algo com seu filho de oito anos, que ficava sempre com a sua ex-sogra depois que chegava da escola, até a hora em que voltava do batente.
               Assim que desceu no ponto, sua diarista foi falando: “_ Olhe, dona Magg, vou logo lhe falar o boato que ta correndo por aqui pelo conjunto. A esposa do Sr. Melancia, ( um vizinho seu apelidado assim, por ser gordo e meio verde), foi lá na sua casa para discutir, pois ficou sabendo através de uma cartomante que o marido dela está tendo um caso com a senhora. Ela queria ir às vias dos fatos para saber se isso foi verdade ou mentira!”
               Magg ficou meio que de boca aberta sem saber direito o que estava acontecendo! Afinal, esse casal era vizinho de frente à sua casa. Como essa mulher poderia pensar que seu marido conseguiria ter um caso com ela morando tão perto uma da outra? 
Quando chegou a sua residência, sua vizinha do lado a estava esperando para dizer que já sabia de tudo que estavam falando e que tinha ido à casa do casal para tomar satisfação, pois também não acreditava em tal absurdo. A esposa dele pediu “pelo amor de Deus que não contassem nada pro marido” porque ele jurou que iria embora , porém não sem antes lhe dar uma boa surra se soubesse de algum comentário sobre esse assunto.
              O telefone tocou. Era a outra vizinha da esquina, dizendo que havia conversado com sua prima, que também morava no conjunto. Ela tinha dito que já havia desconfiado da relação entre eles dois pelas olhadas que ele sempre dirigia a ela quando chegava do seu trabalho, toda vestida de executiva. O caso estava ficando cada vez mais comentado pelas vizinhas fofoqueiras do seu conjunto.
           Ela estava perplexa! Como um caso, sem um fundo sequer de verdade, estava tomando tamanha proporção?! Como alguém poderia culpá-la de um fato que nunca ocorrera e que provavelmente nunca iria ocorrer?
              Logo mais à noite, Magg estava assistindo televisão em sua poltrona, quando de repente começou a ouvir gritos vindos da casa do casal . Foi à janela para verificar o que estava acontecendo. Panelas e pratos voavam pelos ares, junto com os gritos vindos de uma acalorada discussão entre os dois. Fechou sua janela apagou as luzes e foi dormir. Não queria participar daquela confusão causada por eles mesmos. Só que, logo depois, toca seu telefone e quando atende percebe que é a voz da Sra. Melancia, gritando:_ “_Escuta aqui, sua destruidora de lares, sua piranha, se meu marido me abandonar, eu juro que mato você por isso, sua cadela ordinária!”
          Totalmente atordoada Magg desligou o telefone . Era muita confusão para sua cabeça!
No outro dia, bem cedo, sua ex-sogra, que também morava lá próximo, ligou para dizer que já estava sabendo de toda a confusão que a “outra” tinha armado. Por isso tinha chamado, na noite anterior o Sr Melancia na sua residência, para poder esclarecer os fatos sobre o boato que a esposa dele havia feito. _ “O homem saiu enfurecido daqui ”, *contou-lhe ela, _ “E disse para você não se preocupar que ele iria tomar a devida providencia”. Magg ficou mais do que preocupada com a situação que tinha ficado sem controle e não sabia nem que atitude tomar ou até se devia tomar. Não querendo mais se meter em confusão, foi trabalhar sem nem olhar para a casa da vizinha.
               O dia passou tranquilo. Quando chegou o final do expediente, nem se lembrou da confusão em que estava metida. Chegando em casa o telefone tocava novamente. Era uma amiga dessa esposa do Sr Melancia, que também morava no conjunto, para dizer para ela tomar cuidado, pois o Sr Melancia havia abandonado a esposa por causa dela,  “_... E que ela merecia pagar por isso muito caro”. Palavras da suposta vitima. Então, começou a querer agredi-la com palavras cruéis e de baixo nível.Desligou o telefone sem esperar para ouvir ao mesmo tempo em que soava a campainha da porta. Ainda atordoada, foi atender, quando toma um susto ao ver que era a Sra. Melancia, toda machucada. E que sem dizer nada, enfiou uma faca no seu peito segurando até ve-la cair ao chão desfalecida. Em seguida foi embora como se nada demais houvesse ocorrido. 
Magg em agonia aos poucos foi morrendo sem ao menos entender ao certo, o que tinha realmente feito para merecer tudo aquilo.